Uma semana em Taizé…
Há muito tempo que desejava experimentar todas as sensações que dominam qualquer pessoa que passe por Taizé. Verdadeiramente, não sabia o que me esperava, mas tinha a intuição, pelos testemunhos que ouvia, que seria algo que jamais teria vivido.
Surgiu, então, a grande oportunidade. Preparei a mochila, estritamente com o que considerava indispensável e o que a mochila poderia levar. Pareceu muito pouco, tendo em conta tudo o que usamos e tudo a que recorremos diariamente para nos vestirmos, para nos calçarmos, para nos alimentarmos… Seria uma semana longe de casa, sem a possibilidade, também, de adquirir lá algo que não levasse…
Parti, de autocarro, com um grupo de alunos do Colégio Nossa Senhora da Assunção, de Anadia, acompanhados pela Irmã Cândida e pelo Professor Calisto, com mais dez autocarros, repletos de jovens do distrito de Aveiro. Quando vi tanta gente, percebi que a loucura não era apenas minha e que haveria um motivo superior a impulsionar-nos.
Vinte horas e meia de viagem passadas, chegámos à Comunidade de Taizé. Depois de passarmos pelas camaratas, fizemos a nossa primeira oração da noite. Centenas de jovens, unidos no mesmo propósito, a cantar e a refletir, juntos, foram sendo dominados por um sentimento de serenidade, de prazer espiritual e de uma profunda paz…
Nos seis dias seguintes, entre as tarefas diárias de cada grupo de trabalho, como cozinhar, lavar a loiça, recolher o lixo, limpar o WC (tarefa que realizei), reunimo-nos em oração, refletimos com Irmãos da Comunidade, frequentámos o Lago do Silêncio, onde, precisamente em silêncio, orámos e tivemos a oportunidade de parar e refletir. À noite, havia sempre uma enorme vontade de nos reunirmos (o que fizemos) no Oyak, para convivermos, cantarmos, dançarmos e rirmos, rir com o rosto do coração…
Todas as palavras que possamos utilizar para descrever o que cada um sentiu não serão suficientes, porque não permitirão exprimir o que, efetivamente, vivemos e sentimos. O despojamento de bens (afinal, a preocupação inicial que tinha, antes de partir, em querer usar uma roupa e umas sapatilhas cada dia – e que não pude levar por não ter espaço na mochila – deixou de ter qualquer sentido), a consequente humildade, a simplicidade, a bondade do coração, a alegria constante com que se viveram todos os momentos vieram mostrar-me e comprovar-me que não são os bens materiais, mas estes valores que tornam o Homem verdadeiramente feliz e que provam que Deus é, sem dúvida, Amor.
Mariana Miguel Cristina de Oliveira
Taizé, um lugar de recolhimento e afastado do mundo circundante, longe da azáfama e do bulício diários.
Este Carnaval tive a oportunidade de conhecer Taizé e os seus encantos, onde, sem dúvida, cresci imenso, tanto a nível pessoal como interpessoal, passando a ver o mundo de uma forma diferente, com outra paixão, com outra maturidade e até com muito mais otimismo. Taizé ajudou-me imenso na relação com os outros, mas, sobretudo, ajudou-me, a estreitar, de forma singular e especial, a minha relação com o meu “eu” interior.
Durante o período em que permaneci naquele espaço, consegui, de facto, entender que o mundo em que vivemos diariamente, é excessivamente ofegante, dadas as nossas rotinas diárias, deveras exaustivas. Contudo, em Taizé, toda essa forma de estar na vida parece dissipar-se e passamos realmente a ter tempo para nós, para convivermos, para nos divertimos, mas, principalmente, a ter tempo para debatermos os nossos problemas mais profundos. Ali não carecemos de tempo para a oração, cujo contributo é essencial para a estabilidade interior de que tanto carecemos para sermos felizes. É durante esses períodos de silêncio, dedicados ao recolhimento e à procura de paz interior, que usufruímos de momentos em que deixamos voar a nossa imaginação, pensamos em tudo aquilo que é verdadeiramente importante para nós, seja nos nossos problemas pessoais, ou até em outras questões.
No fim do nosso retiro, já sentia uma nostalgia imensa por ter de deixar aquele lugar maravilhoso, porque de tudo o que Taizé me ensinou, aprendi que só necessitamos do essencial para viver e, fundamentalmente, que não devemos ter medo de quem somos, das nossas imperfeições ou diferenças.
Para concluir, considero que Taizé é um local mágico, onde se aprende a ouvir a nossa voz interior, Deus, que sempre nos guiará no bom caminho e, caso me seja possível, prometo voltar, voltar àquele vale mágico, no qual o silêncio vale por mil palavras e onde conseguimos tantas repostas e abrimos espaço a novas outras questões da nossa vida.
Resta-me fazer um agradecimento muito sincero à minha Escola e a todos os responsáveis que me possibilitaram partir numa aventura que jamais esquecerei.
Luís Honorato Vidal